segunda-feira, 22 de março de 2010

A propósito do PEC - 2

Não consigo entender como é que o mesmo governo que aumentou (e bem) as despesas públicas, para evitar maiores sacrifícios à população em consequência da crise internacional, vem agora apresentar um programa de estabilidade em que as despesas com a solidariedade social são fortemente condicionadas, em que os rendimentos do trabalho (já de si mais precários que os rendimentos de outro tipo) são mais penalizados. Que não esclarece quanto recebe dos trabalhadores e reformados e quanto transfere para as famílias... Não consigo entender como é que se pedem estes sacrifícios e se garantem, com dinheiros públicos, negócios entre privados. Se os banqueiros foram burlões, trata-se de um caso de polícia e tribunais, são situações da exclusiva esfera privada. Muito provavelmente este dinheiro não chega para tapar os buracos, mas devia começar-se por aí... Não consigo entender como é que se condicionam as despesas com saúde nos descontos do IRS e não se tributam fortemente as mais-valias obtidas com a especulação no mercado secundário de capitais. o que não tem qualquer efeito no investimento... À primeira vista, embora fosse na mesma penalizar os cidadãos, parecia-me socialmente mais justo que o IVA voltasse a ter a taxa de 21% do que cortar nos benefícios sociais. Também não consigo entender a retórica dos políticos da Oposição que só sabem dizer que as soluções propostas estão erradas e não têm propostas alternativas minimamente credíveis para apresentar ou quando esboçam alguma, ainda é pior...Não entendo a privatização de empresas que têm necessariamente que ser monopólios. Qual é a vantagem para os cidadãos? A prática diz-nos que os preços não baixam e a qualidade não melhora. Porque a apropriação privada dos lucros anormais, típicos dos monopólios naturais? Porque contribuir para um Estado mais fraco e com menor poder regulador? Certamente não é no interesse dos cidadãos...

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