domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Jardim-Escola João de Deus

Assisti ontem ao início das comemorações do 75º aniversário do estabelecimento em Leiria do Jardim-Escola João de Deus, onde iniciei a minha aprendizagem fora do ambiente familiar.

Ao longo dos anos conheci muitos professores, algumas escolas, verdadeiros Mestres que me marcaram profundamente, que abriram pistas e deram significado ao meu percurso de vida. São recordações bastante agradáveis que guardo com respeito e afecto. Mas, relativamente ao Jardim-Escola João de Deus é diferente…

Lembro-me da árvore enorme, que se via através da janela da sala onde a D. Maria Cristina nos ensinava, cujos galhos abanavam soltando as folhas nas frias e chuvosas manhãs do Outono, quando os passarinhos desapareciam para voltarem apenas na Primavera, quando a árvore retomava toda a sua pujança. Isso impressionava vivamente a minha imaginação. Lembro-me da deliciosa papa laberça que só me sabia bem no refeitório do Jardim-Escola… Lembro-me do esforço das professoras a ensaiar-nos para as peças de teatro e récitas que apresentávamos e a responsabilidade que nos transmitiam para o fazer bem feito. Lembro-me do orgulho que tinha em mostrar que, com os meus cinco anos, já sabia ler… Lembro-me, enfim, das meninas que, com um misto de encantamento e segredo misterioso, achava lindas… Lembro-me da beleza e do carinho da D. Maria Antónia e dos trabalhos manuais que a minha futura prima Regina me ensinava a fazer… Lembro-me das comunicações e chamadas de atenção que a D. Maria Eduarda nos fazia quando estávamos no refeitório… Lembro-me e relembro-me de tantas coisas… Foi com a Cartilha Maternal que ensinei as primeiras letras aos meus filhos e foi o Jardim-Escola João de Deus que sugeri à minha filha para matricular a minha primeira neta…

O Jardim-Escola deu-me amigos para toda a vida. Foi aqui que aprendi a ler e escrever. Foi aqui que recebi a base para uma boa instrução primária e tudo o que se seguiu. Foi aqui que aprendi a pensar. Foi aqui que aprendi a comportar-me com valores éticos, pois as suas mestras não se limitavam a ser simplesmente professoras, mas educadoras no sentido mais nobre da palavra. Foi por causa do Jardim-Escola que, mais tarde, tive acesso ao conhecimento do pensamento e da obra desse extraordinário cidadão e pedagogo que foi João de Deus Ramos, cujas virtudes cívicas honram todos os portugueses.

Em síntese, é com carinho, saudade, respeito e gratidão que recordo o tempo que passei no Jardim-Escola João de Deus.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Os interesses europeus

A Comissão Europeia aprovou legislação tornando obrigatório ter os faróis acesos em todos os automóveis durante o dia. Isto obriga a que todas as fábricas de automóveis passem a incluir, como equipamento de série, um dispositivo especial com essa finalidade. Os farois existentes não servem...



Logo a voz abalizada de uma autoridade do trânsito automóvel, ao ser entrevistada por uma estação de rádio, apressou-se a saudar a medida dizendo até que deveria ser mais extensiva. Isto é, deveria ter sido aplicada mais cedo e deveria incluir, desde já, os veículos pesados. A justificação era que com esta medida os automóveis eram vistos “uma fracção de segundo” mais cedo o que evitaria bastantes acidentes. Fiquei com algumas dúvidas... Que fracção de segundo? Como foi estabelecida a correlação entre “a fracção de segundo” e os acidentes de viação? Onde é que o estudo foi feito? Em que condições climatéricas? Qual é o valor da “fracção de segundo”? Enfim... Eles devem saber... E a sinistralidade resultante de haver estradas mal projectadas? Com “relevés” mal feitos? Sem condições para transitar com segurança em tempestades? Sem apoios aos condutores?



Acontece que não vi estas preocupações em nenhum programa eleitoral para o Parlamento Europeu. Portanto, não votei sobre isso ou, sequer, sobre o aumento da segurança rodoviária na Europa. Concluo que a opinião dos europeus já não interessa para nada. O proclamado princípio da subsidiaridade também não! Que não interessa que nos países do Sul a luminosidade seja muito maior que nos países do Centro e do Norte!... O importante é criar um “mercado” adicional, à custa dos cidadãos europeus, para alguns grupos produtores de componentes para automóveis, certamente franceses ou alemães. É a corrupção dos valores políticos pelos interesses económicos privados. É a Europa do Sarkosy e da Merkel.

musica medieval