segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A TSU e as manifs. de 15 de Setembro

Para pagar aos credores estrangeiros, isto é, aos bancos alemães e franceses, o governo português não encontrou outra receita senão pagar menos aos funcionários públicos, reformados e pensionistas bem como aumentar os impostos à generalidade dos trabalhadores portugueses. Não tendo as medidas adotadas produzido os resultados esperados, o governo entendeu aumentar a dose de austeridade para os mesmos...
Nas novas medidas surgiu a insensata ideia, propagada com pompa e circunstância pelo ainda 1º ministro, de diminuir a taxa social única das empresas e aumentar brutalmente as taxas pagas pelos trabalhadores. Esta medida foi recusada por patrões, empregados, políticos e economistas, pois a sua insensatez tendia para a imbecilidade. Julgo que terá sido a gota de água que fez transbordar o copo da indignação do povo português manifestada por todo o País no passado dia 15 de Setembro.
O ainda 1º ministro resolveu retirar a medida por - pasme-se - os empresários não a quererem! Não foi por ser injusta, por ser ineficaz, por não respeitar os sacrifícios dos trabalhadores, por ser provavelmente inconstitucional, por merecer tão generalizado repúdio. Isso não interessou nada ao ainda 1º ministro. O que lhe interessou foi apenas a opinião dos empresários...  Na mesma comunicação o ainda 1º ministro também disse que iria diminuir a despesa pública com o pagamento das reformas e pensões e aumentar o IRS. O ainda 1º ministro mete no mesmo saco coisas diferentes. O dinheiro das reformas foi confiado pelos trabalhadores e pelas empresas durante dezenas de anos ao Estado para que ele o gerisse e pagasse, quando chegasse o tempo devido, as reformas daqueles que pagaram e descontaram para a Segurança Social uma vida inteira. Esse dinheiro está comprometido, não é para ser gasto a belprazer de qualquer governo!. Não é só o capital e os juros dos banqueiros especuladores que tem que ser pagos!
Outro dia, um tal Carlos Moedas, que parece que está em Secretário de  Estado, pretendeu ensinar os empresários a gerir empresas, pois não compreendiam a bondade da medida do governo... A propósito, lembro-me de uma frase do falecido Raymond Barre, no início da crise financeira, em que - cito de memória - dizia que não se podia deixar a Economia na mão destes garotos que só pensam em dinheiro.
É por estas e por outras que o qualificativo que mais se ouvia nas manifestações de 15 de Setembro era "ladrões/gatunos", dirigido aos atuais governantes.
Ainda hoje o ainda ministro da Administração Interna , resolveu insultar os portugueses ao afirmar que este País tem mais cigarras a cantar que formigas a trabalhar... De facto, quando a generalidade das famílias portuguesas vive com o espectro do desemprego, a procurar trabalho por todo lado, é vil para a sua dignidade ouvir tais palavras. Apetece dizer que a generalidade dos portugueses não é deputado nem membro do governo para meter a mulher, os filhos, as noras e os genros, os irmãos e os sobrinhos como membros dos gabinetes uns dos outros, em comissões de serviço ou escritórios que trabalham para o governo com remunerações durante 14 meses e mordomias muito satisfatórias.
Também por isso outro qualificativo que se ouvia nas manifestações de 15 de Setembro era "aldrabões/corruptos", dirigido aos atuais governantes e as reivindicações de "queremos Justiça/ queremos Dignidade".
Por outro lado, as oposições, se quiserem, de facto, ser alternativa têm que apresentar medidas concretas, quantificadas, com objectivos, programas e instrumentos credíveis e não palavras vagas ou poesia de fino recorte literário. Queremos saber o que devemos, a quem e porque devemos. Caso contrário, será o Povo a ter que, mais uma vez, resgatar a Pátria. Infelizmente com custos elevados e danos colaterais, pois a coesão social estará rompida.

 

musica medieval