segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A compra da EDP por uma empresa chinesa

A compra da EDP por uma empresa chinesa deveria merecer uma reflexão sobre o seu significado estratégico para a União Europeia, sobretudo por parte dos políticos arrogantes da Europa Central e do Norte, particularmente alemães.
A forma como têm sido tratadas as economias do sul da Europa e Irlanda, o apoio explícito ao sistema financeiro especulador, a ausência de solidariedade entre os vários estados-membros, a lentidão na busca de eventuais soluções(será que é deliberada ou é simples incompetência?), a prossecução de mesquinhos interesses nacionais de curto-prazo tem levado à desagregação do "espírito europeu" e à necessidade dos estados-membros terem que se sujeitar a soluções do tipo da que acima foi enunciada, pois tal é a única forma que lhes resta para pagar aos banqueiros franceses e alemães.
Mas é necessário ter em conta que agora a EDP tem como principal accionista um grupo empresarial chinês, que é muito maior que qualquer empresa francesa ou alemã do seu sector... Que inclusivamente qualquer dia poderá comprá-las, se isso for de sua conveniência...
Muito provavelmente os bancos franceses e alemães vão perder um cliente, pois a EDP vai passar a financiar-se prioritariamente junto de bancos chineses...
A propósito, a quem pertence a Nokia e a Volvo? A quem pertencerá amanhã a Siemens, a Volksvagen e a Bayer?
O que vale a Alemanha e a França, sem o resto dos países da União, num mundo globalizado em que as economias emergentes são continentais?
Se os europeus não travam as Merkels e os Sarkosys do nosso descontentamentos, esta gente ainda dá cabo da Europa e dos europeus. Com a fraqueza da Europa e do modelo social europeu quem ganha são os restantes blocos económicos, não são os alemães nem os franceses. Talvez apenas ganhem os principais accionistas das multinacionais francesas e alemãs, quando venderem as suas empresas com alguma mais-valia...

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