segunda-feira, 27 de junho de 2011

Fado Tropical?

O projecto europeu a que Portugal aderiu está, actualmente, posto em causa pelas políticas e comportamentos dos seus principais impulsionadores e por alguns dos países que aderiram mais recentemente e que se colocaram na órbita política e económica da Alemanha.
Não quero dizer que o projecto esteja morto mas a probabilidade de vir a transformar-se num projecto de tipo EFTA é cada vez maior. Na primeira crise séria que a Europa atravessou os interesses nacionais sobrepuseram-se aos interesses comunitários, a solidariedade mínima que seria expectável não aconteceu, as manifestações e atitudes dos políticos (ir)responsáveis foram chauvinistas, imperialistas, arrogantes e, mesmo, com laivos de racismo.
Ora, a construção de um projecto europeu, tal como foi arquitectado por Jean Monnet, Koln, Mitterant, Delors, entre outros, não pode aguenta estas tomadas de posição, mesmo que sejam mera turbulência. Não sabemos o que virá, se um reforço da coesão comunitária se uma conciliações dos interesses nacionais dos países mais fortes. Um país, com a dimensão histórica, política e civilizacional de Portugal não pode ficar dependente dos humores e dos interesses imediatos dos detentores do poder nesta Europa. Urge começar a pensar num plano de contingência para a estratégica de longo prazo do nosso País. Sem que isto signifique sair do euro ou da comunidade europeia. Tenhamos presente o "pé dentro, pé fora" do Reino Unido. Temos que agir para não sermos obrigados a, mais tarde, apenas reagir.
Neste contexto, existem laços que deverão ser reforçados, de modo a que a nação portuguesa renasça, transformada e fortalecida, num espaço cultural em que historicamente esteve sempre mais identificada. A comunidade da Lusofonia, ou em sentido mais amplo, a Ibéria, a América Latina e a África sub-sariana de matriz portuguesa constituem um espaço cultural e económico que poderá ser atractivo para todas as partes envolvidas. É preciso navegar... para que, sem quaisquer ideias neo-coloniais, possamos construir um espaço em que nos sintamos todos mais realizados. Será um novo fado tropical?

Fado Tropical

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Em época de eleições VII

As eleições só serão no domingo e eles já começaram a colocar-se a na bicha das benesses...
O patriota Belmiro de Azevedo, que tem a holding da SONAE na Holanda, já vai a comícios abraçar Passos Coelho! Quererá ainda reeditar em moldes actuais, a negociata que quis fazer juntamente com os espanhóis da Telefónica na PT? ou serão novos "investimentos"? Quem não se lembra de como ele elogiava José Sócrates até ao episódio da compra da PT por um preço "agradável"?

Pinto Balsemão também já foi "apresentar a factura"... uma RTP sem publicidade ou sem audiências não lhe seria inconveniente...

Assim vai o meu País...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Em época de eleições VI

No próximo domingo vamos votar para eleição dos deputados e, indirectamente, para a chefia do próximo governo.
Na vigência do anterior governo, antes do período de gestão, estava determinado a não voltar a votar em José Sócrates embora nenhuma das alternativas me parecesse credível. E não era por causa de todas as atoardas e campanhas negras que a oposição e algumas corporações privilegiadas lançaram contra ele. Não iria votar em José Sócrates, simplesmente pelas razões que passo a enumerar:
1 - Errou na previsão dos efeitos da crise financeira internacional;
2 - Também errou quando realizou uma estratégia de desenvolvimento para o País que, certamente, irá produzir muito bons resultados a longo prazo (desenvolvimento científico e tecnológico, abertura de novos mercados e diversificação das relações económicas portuguesas, etc.) mas não cuidou devidamente do "durante", que se veio a revelar catastrófico;
3 - Optou, em situações críticas, em privilegiar com dinheiros públicos os detentores de capital (sector financeiro, especuladores bolsistas, aforradores e PINs ) com sacrifício das famílias, designadamente os beneficiários dos serviços sociais e pensionistas;
4 - Teimosamente, não inverteu em devido tempo a política de realização de obras públicas e parcerias público-privadas que já se vinha a evidenciar insustentável e dispendiosa e que, diga-se em abono da verdade, teve origem nos governos do PSD, designadamente a concepção, construção e exploração de hospitais e de auto estradas.
5 - Não gosto que me enganem... Até posso compreender que um líder político tem que ser optimista, olhar de forma positiva o fluir dos acontecimentos, de modo a influir na gestão das expectativas dos agentes, pois isso melhorará o comportamento geral. Não é com visões miserávelistas e com pessimismos de "velhos do Restelo" que se constrói um País. Mas dizer que está um lindo dia quando chove a cântaros é demais...
No entanto, estes erros - em minha opinião - não significam que não reconheça em José Sócrates um patriota, que procura o melhor para o seu país com entusiasmo e determinação. Que conduziu uma política económica externa com bons resultados. Que teve uma visão estratégica para o País, concorde-se com ela ou não. Terá confundido determinação com arrogância e, supremo erro, sem ter maioria absoluta conduziu uma política de direita sem comprometer os partidos dessas áreas ideológicas, que o foram queimando em lume mais ou menos brando... Procurou uma ligação directa com o "centrão" sociológico, sem comprometer politicamente os representantes políticos desses interesses, o que se mostrou nefasto, senão mesmo suicidário.

Em quem votar?
Não voto em Paulo Portas, pois apesar da sua inteligência e brilhantismo, é o defensor dos interesses dos feirantes, dos lavradores, dos proprietários das micro e pequenas empresas e de outros sectores que nunca pagaram os impostos que deviam mas que estão sempre à espera de um subsídio do Estado. É o candidato da economia paralela. Como toda a minha vida descontei para a Segurança Social e paguei os meus impostos, esse não é o meu candidato.

Não consigo ter confiança em Passos Coelho. Varia muito de opinião. Hoje defende uma coisa, amanhã já não é bem assim. Nunca desempenhou nenhum cargo público para que pudéssemos avaliar a sua actuação. Temo que por trás dele esteja o pior PSD. Aqueles que só querem "ir ao pote", isto é, à apropriação privada dos bens públicos, a "abocanhar" uma fatia do Orçamento. Os que querem tirar o Estado da Galp, da PT, da TAP, da EDP, das Águas de Portugal, da CP, dos Correios, da RTP e outras no género para receberem as suas comissões ou intermediarem com as grandes empresas estrangeiras. Os que privatizam, mesmo os monopólios naturais, sem preocupações de racionalização económica mas apenas por pretenso dogma ideológico e benefício pessoal. Julgo que o PSD com preocupações sociais de matriz social democrata não faz parte do núcleo duro de Passos Coelho. Os seus conselheiros serão, sobretudo, ultra-liberais serôdios. Além disso, Passos Coelho foi preparado e lançado por Ângelo Correia, o que longe de ser curricula é cadastro... Estes são os meus receios, embora deseje, a bem do País, estar enganado. Em consciência não posso votar nele.

Francisco Louçã e o seu Bloco não têm credibilidade para governar. É um "saco de gatos", que na primeira esquina muda de direcção. Tem uma meritória vocação de denúncia e de crítica mas não tem vocação de poder, de construir alianças, de definir estratégias credíveis para o país. A Câmara de Lisboa foi disso exemplo. Na situação difícil que atravessamos não posso desperdiçar o meu voto em Louçã.

Resta o Jerónimo de Sousa e a CDU, que fazem algumas análise interessantes, são honestos, têm sentido patriótico mas não propõe nada de construtivo e viável para podermos sair deste buraco. Só se preocupam em dizer que o "PS e a restante direita são os culpados"... Falta o "Que fazer nas actuais circunstâncias?..." Por este andar ainda morrem sem dar por isso...Também não voto neles...

Posto isto, como, por princípio, não me abstenho, lá tenho que votar outra vez em José Sócrates. Deste, ao menos, já conheço as qualidades e os defeitos.

musica medieval