quarta-feira, 20 de julho de 2011

Empresas de rating e mercados financeiros

Tem estado na ordem do dia as notações que as empresas de rating atribuem a Portugal. Os mais variados argumentos tem sido esgrimidos para demonstrar que as classificações que atribuem não são corretas, que dever-se-iam denunciar os contratos com essas empresas, etc. etc.
As empresas de rating sempre foram entidades da confiança dos investidores financeiros, sejam eles quem forem, e não dos devedores. A sua importância cresceu com a globalização dos mercados financeiros e a despersonalização das transações financeiras internacionais. Até ao último quartel do século passado parte significativa das aplicações financeiras decorria do conhecimento mútuo dos dealers das diversas instituições financeiras e da confiança que existia entre eles. Com o crescimento exponencial dos agentes, desregulamentação e globalização dos mercados financeiros que a partir daí se tem vindo a verificar, os executivos das salas de mercado só conhecem superficialmente ou não conhecem de todo,os produtos que são oferecidos nem quem os propõe. Daí decorre, bem como de outros factores entre os quais a forma como passaram a ser remunerados, que só compram produtos financeiros que tenham uma notação de rating efectuada por empresa de sua confiança...
Assim, quem quer colocar títulos nos mercados internacionais tem que sujeitar-se às avaliações que as empresas de rating, da confiança dos executivos dos investidores, façam...
Com a desregulamentação dos mercados financeiros, quer investigadores especulativos, quer agentes securitários de créditos, quer investidores de qualquer outro tipo estão no mercado e influenciam as agências de rating. Tal como qualquer pessoa que vá solicitar a um banco um crédito para aquisição de habitação constata, ao sujeita-se à avaliação efectuada por entidade da confiança do banco.
Os estados soberanos é que não devem sujeitar-se as regras impostas por estes investidores. Obviamente, que a oferta de capitais será, neste caso, muito menor mas será o preço a pagar para que os estados possam continuar a ser, ainda, um pouco soberanos...ainda que tenham que diminuir o seu potencial de crescimento.

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