quarta-feira, 1 de junho de 2011

Em época de eleições VI

No próximo domingo vamos votar para eleição dos deputados e, indirectamente, para a chefia do próximo governo.
Na vigência do anterior governo, antes do período de gestão, estava determinado a não voltar a votar em José Sócrates embora nenhuma das alternativas me parecesse credível. E não era por causa de todas as atoardas e campanhas negras que a oposição e algumas corporações privilegiadas lançaram contra ele. Não iria votar em José Sócrates, simplesmente pelas razões que passo a enumerar:
1 - Errou na previsão dos efeitos da crise financeira internacional;
2 - Também errou quando realizou uma estratégia de desenvolvimento para o País que, certamente, irá produzir muito bons resultados a longo prazo (desenvolvimento científico e tecnológico, abertura de novos mercados e diversificação das relações económicas portuguesas, etc.) mas não cuidou devidamente do "durante", que se veio a revelar catastrófico;
3 - Optou, em situações críticas, em privilegiar com dinheiros públicos os detentores de capital (sector financeiro, especuladores bolsistas, aforradores e PINs ) com sacrifício das famílias, designadamente os beneficiários dos serviços sociais e pensionistas;
4 - Teimosamente, não inverteu em devido tempo a política de realização de obras públicas e parcerias público-privadas que já se vinha a evidenciar insustentável e dispendiosa e que, diga-se em abono da verdade, teve origem nos governos do PSD, designadamente a concepção, construção e exploração de hospitais e de auto estradas.
5 - Não gosto que me enganem... Até posso compreender que um líder político tem que ser optimista, olhar de forma positiva o fluir dos acontecimentos, de modo a influir na gestão das expectativas dos agentes, pois isso melhorará o comportamento geral. Não é com visões miserávelistas e com pessimismos de "velhos do Restelo" que se constrói um País. Mas dizer que está um lindo dia quando chove a cântaros é demais...
No entanto, estes erros - em minha opinião - não significam que não reconheça em José Sócrates um patriota, que procura o melhor para o seu país com entusiasmo e determinação. Que conduziu uma política económica externa com bons resultados. Que teve uma visão estratégica para o País, concorde-se com ela ou não. Terá confundido determinação com arrogância e, supremo erro, sem ter maioria absoluta conduziu uma política de direita sem comprometer os partidos dessas áreas ideológicas, que o foram queimando em lume mais ou menos brando... Procurou uma ligação directa com o "centrão" sociológico, sem comprometer politicamente os representantes políticos desses interesses, o que se mostrou nefasto, senão mesmo suicidário.

Em quem votar?
Não voto em Paulo Portas, pois apesar da sua inteligência e brilhantismo, é o defensor dos interesses dos feirantes, dos lavradores, dos proprietários das micro e pequenas empresas e de outros sectores que nunca pagaram os impostos que deviam mas que estão sempre à espera de um subsídio do Estado. É o candidato da economia paralela. Como toda a minha vida descontei para a Segurança Social e paguei os meus impostos, esse não é o meu candidato.

Não consigo ter confiança em Passos Coelho. Varia muito de opinião. Hoje defende uma coisa, amanhã já não é bem assim. Nunca desempenhou nenhum cargo público para que pudéssemos avaliar a sua actuação. Temo que por trás dele esteja o pior PSD. Aqueles que só querem "ir ao pote", isto é, à apropriação privada dos bens públicos, a "abocanhar" uma fatia do Orçamento. Os que querem tirar o Estado da Galp, da PT, da TAP, da EDP, das Águas de Portugal, da CP, dos Correios, da RTP e outras no género para receberem as suas comissões ou intermediarem com as grandes empresas estrangeiras. Os que privatizam, mesmo os monopólios naturais, sem preocupações de racionalização económica mas apenas por pretenso dogma ideológico e benefício pessoal. Julgo que o PSD com preocupações sociais de matriz social democrata não faz parte do núcleo duro de Passos Coelho. Os seus conselheiros serão, sobretudo, ultra-liberais serôdios. Além disso, Passos Coelho foi preparado e lançado por Ângelo Correia, o que longe de ser curricula é cadastro... Estes são os meus receios, embora deseje, a bem do País, estar enganado. Em consciência não posso votar nele.

Francisco Louçã e o seu Bloco não têm credibilidade para governar. É um "saco de gatos", que na primeira esquina muda de direcção. Tem uma meritória vocação de denúncia e de crítica mas não tem vocação de poder, de construir alianças, de definir estratégias credíveis para o país. A Câmara de Lisboa foi disso exemplo. Na situação difícil que atravessamos não posso desperdiçar o meu voto em Louçã.

Resta o Jerónimo de Sousa e a CDU, que fazem algumas análise interessantes, são honestos, têm sentido patriótico mas não propõe nada de construtivo e viável para podermos sair deste buraco. Só se preocupam em dizer que o "PS e a restante direita são os culpados"... Falta o "Que fazer nas actuais circunstâncias?..." Por este andar ainda morrem sem dar por isso...Também não voto neles...

Posto isto, como, por princípio, não me abstenho, lá tenho que votar outra vez em José Sócrates. Deste, ao menos, já conheço as qualidades e os defeitos.

2 comentários:

  1. Amigo Rui, boa escolha! Depois de dar "a volta ao redondel"... lá voltamos ao mesmo, não é? Boa reflexão!

    O povão diz: "Vale mais o mau conhecido que o bom por conhecer"...

    Beijinhos

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  2. À última hora,de boletim na mão,lá tive que votar como tu.Que havia eu de fazer,neste distrito´, onde tudo é laranja à nossa volta?Votos perdidos?Achei melhor não arriscar.
    Beijões amigos

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